Lu Moura

Lu Moura

Especialista em Comunicação, Gestão, Marketing e Vendas. Consultora, Mentora, Coach, Treinadora.
Estudante de Psicanálise, Neurociência e Comportamento.

Como lidar com a dor de ter que gerenciar a si mesmo

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Torne-se seu próprio líder.

Estamos habituados a receber ordens desde sempre. Em casa, na escola, no trabalho. Hierarquia. Organização. Cultura.

De repente, você se vê livre disso.

Agora, você será seu próprio chefe, no seu próprio negócio.

Pode fazer seu próprio horário, criar suas próprias regras, testar suas loucuras sem ninguém dizer que isso ou aquilo não se encaixa.

E você já tem muitos planos para começar a colocar em prática amanhã.

No dia seguinte, você acorda animado e faz tudo… menos o que planejou.

O que aconteceu?

Somos programados

Eu não sei dizer como isso é do ponto de vista biológico.

Mas, os pesquisadores, em diversos estudos, concluíram que nossos neurônios formam “trilhas de acesso rápido” quando um comportamento é realizado algumas vezes.

Se repetida a maior parte da vida, essa trilha vira uma rodovia.

Ou seja, sempre que você pensar X a resposta vai ser fazer Y. Assim, de modo automático. Isso pode ser bom e ruim.

Agora pense no seu comportamento desde sempre.

Você ia tomar banho quando a sua mãe mandava, você estudava quando o professor avisava da prova e você concluía um projeto quando seu chefe cobrava o prazo.

Nenhuma dessas atividades, ou qualquer outra que você considere chata, foi realizada, pelo menos na maioria das vezes, por um desejo seu em primeiro lugar.

Tudo que consideramos como uma atividade não prazerosa, em geral, é acionada por um evento externo, seja o medo de uma mãe brava, um zero na prova ou uma demissão iminente.

Você está programado para se obrigar a cumprir essas ordens, pois elas geram custos, sejam físicos, emocionais, financeiros.

Nosso cérebro evita a dor

Dizem que depois de uma certa idade nos tornamos adultos, ganhamos maturidade, ficamos sábios.

Isso me lembra de uma conversa com a minha mãe, onde eu disse a ela que não me sentia 100% adulta, pois ainda gostava de fazer coisas de criança, tipo comer um saco inteiro de balas de uma vez só (não me julguem).

Ela me respondeu algo que nunca mais esqueci:

Ser adulto é só crescer e ganhar responsabilidades, mas no fundo é tudo igual.

No fundo, é tudo igual. Gostamos de fazer coisas que nos dão prazer, evitamos qualquer coisa que nos cause dor.

Aí você pensa: Mas, ter que trabalhar gera dor!

Sim, mas qual dor é maior: trabalhar ou não ter dinheiro?

Ser adulto é ganhar responsabilidades que muitas vezes não exercemos porque queremos, mas porque somos obrigados.

Vamos àquele trabalho porque precisamos do dinheiro, entregamos no prazo para evitar uma demissão e, por aí vai.

Qualquer pessoa que tenha passado muito tempo agindo apenas com estímulos externos, vai ter dificuldade de acionar esses estímulos sozinho.

Ou seja, se odeio fazer aquele trabalho chato, porque que agora que não sou obrigado, vou fazer? Só porque decidi?

Decidir já é um ótimo passo, mas tem muita coisa ainda nesse percurso e, que se você detesta, seu inconsciente vai te ajudar a evitar.

Calma, nada nessa máquina é muito racional mesmo.

Falta de clareza leva à procrastinação

A gente costuma achar que procrastinação é só falta de vergonha na cara.

Mas, tem muito mais por trás desse comportamento.

Pode ser medo de ter sucesso, medo de falhar, medo da dor da tarefa, medo, medo, preguiça.

O importante aqui é que você vai criar todo tipo de desculpa para não fazer o que precisa ser feito.

Você vai se contar várias histórias, inclusive a de que faz coisas melhores quando o prazo está acabando.

O maior problema disso?

Quando você é empreendedor, trabalha por conta própria, é você quem define os prazos. E agora, josé?

Supondo que você esteja começando e ainda não tenha nenhum cliente e não têm prazos, como você começa?

Qual é a direção, o que você tem que fazer primeiro, o que é mais importante?

Antes, você podia ter um chefe, um líder, alguém que te desse essa direção, mas e agora?

Como você foi habituado a receber toda programação pronta e só encaixar seu pedacinho naquela parte específica do processo, agora que você precisa ver o todo, e pior de tudo, fazer pelo menos boa parte dele, dá um certo pânico e bug no sistema.

Há falta clareza sobre as prioridades e você procrastina porque ainda não aprendeu como se “autoimpor essa dor” de pensar e executar tudo isso.

Muitas vezes, é por isso que você fica meses decidindo que nome vai usar, qual cor, qual logo e nunca parte para a ação.

É uma forma de se acalmar dizendo que está tudo bem, que você está fazendo progresso.

No fundo, você sabe que isso não vai ter nenhum ou pouco impacto no que realmente importa e que, na verdade, está procrastinando decisões.

Reprogramando a sua mente

Se você foi funcionário por muito tempo e agora está apostando no empreendedorismo, talvez precise fazer um “reset na mente.”

Pois agora, você precisa se autoliderar, se autogerenciar.

Gostamos de pensar que somos proativos, mas assim como no paradoxo de Salomão, não somos muito eficientes quando se trata de nós mesmos.

Eu gostaria muito ter tido essa informação quando dei esse passo para a transição, eu teria tido mais clareza do que estava acontecendo.

Mesmo quando você está lidando com o seu negócio, é comum que ainda esteja mais voltado para o externo, ou seja, toda energia voltada para o seu cliente e nenhuma para você.

Vou dar um exemplo: Você é um programador e entrega tudo o que seu cliente pediu, mas nunca investe naquela ideia de app que teve.

Também não termina seu site, não prioriza suas redes sociais, não faz seu próprio marketing.

Você continua priorizando sempre o externo e não está de todo errado, porém você precisa ou se priorizar ou delegar essas tarefas para se tornar menos executor e mais planejador do seu negócio.

Caso contrário, você vai ter um nome de empresa, mas as atitudes de um funcionário ou no máximo freelancer, quando o ideal seria investir pelo menos 20% da sua energia na gestão da sua empresa.

Passe a se ver como um negócio. Aceite a dor autoimposta para sair da zona de estagnação.

Para encerrar

Realmente existe uma dor emocional quando temos que fazer tarefas consideradas desagradáveis, mas importantes, porque tendemos a pensar apenas no curto prazo.

A procrastinação é um sintoma. Investigue as causas para ser capaz de domá-la com mais frequência. Ela nunca vai sumir, mas você pode conviver bem com ela, sem que ela te cause muitos problemas.

Lide com a falta de clareza com coragem. Se você senta para trabalhar e duas horas depois está vendo vídeos aleatórios, isso não é necessariamente tdah, mas falta estabelecer regras sobre o que deveria estar produzindo.

Se você não der ordens ao seu cérebro, ele só vai escolher o prazer imediato.

Faça um reset na “mente de funcionário” lembrando que agora o chefe é você e dizendo quais são os exatos passos do plano, que se não forem seguidos, vão resultar em problemas futuros.

*Esse artigo apareceu primeiro aqui no Medium.

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