Lu Moura

Lu Moura

Especialista em Comunicação, Gestão, Marketing e Vendas. Consultora, Mentora, Coach, Treinadora.
Estudante de Psicanálise, Neurociência e Comportamento.

Elon Musk e seu sanduíche de ‘Xtwitter’ inauguram um novo modelo de rebrading

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Vai mudar sim, nem que seja na força do ódio.

Os especialistas em branding estão chorando na sala. Estão incrédulos.

Mas, Musk não se importa.

Se assim não fosse, não seria o Elon Musk.

A mudança brusca, sem planejamento, sem comunicado oficial para a imprensa, sem teaser, sem festa de lançamento, sem… [adicione aqui a sua indignação] é a cara dele.

Aliás, quem reclamar tá errado, porque Elão ainda pediu sua opinião sim.

Votem aqui na nova marca que vou usar a que mais gostarem — disse ele em um enquete no finado Twitter. Mais democrático que isso, impossível.

Chegamos a pensar que era uma pegadinha. Porém, Elon Musk não sabe brincar.

Nascimento de uma marca

E no começo tudo era verbo. Ou melhor, mato online.

Em 2006, ninguém fora os grandes desenvolvedores de tecnologia estava pensando na internet como hoje, com redes sociais para todo lado, apps de mensagens gratuitas, como whatsapp.

Era caro mandar um SMS!

Daí surge o Twitter, uma rede estranha, só de texto e curtinho, por favor.

Twitter vem de “tweet” que é uma onomatopeia do som curto de um passarinho, que fofinho!

Você podia falar sobre o que estava acontecendo naquele momento rapidamente e aquilo era diferente do Orkut — que acabou fazendo mais sucesso no Brasil e foi de arrasta pra cima em 2014.

A velocidade com que as informações eram transmitidas naquele ambiente tornou-se o principal atrativo da ferramenta.

E assim a marca foi se estabelecendo, com seus usuários desenvolvendo uma relação com a rede e criando uma atmosfera muito própria.

A carinha é meiga, mas a personalidade é rebelde

Tudo nessa marca foi construído com atenção, a logo, os rebrandings, as características tecnológicas que foram evoluindo conforme o público passava a exigir mais funcionalidades.

Além de tudo isso, os usuários começaram a criar uma série de palavras derivadas do nome inicial da marca.

Twittar virou verbo. Quais outras empresas na história foram capazes de conquistar isso?

Por acaso a Coca-Cola tem o ‘cocacolar’? Não, graças a Deus.

Já o Twitter tem quase um dicionário completo para quem quiser se referir à rede. Isso mostra o quanto está presente no dia a dia das pessoas.

Mas, vai além disso.

Quer outra grande marca forte do Twitter?

Suas discussões.

A rede é, até o momento, um terreno fértil para tudo de mais louco que você pode pensar quando se trata de pensamentos heterodoxos.

Ela aceita tudo. Da conspiração alien, às fakes news políticas. Se calhar mistura os dois temas que fica ainda mais crazy.

A galera pira, pois ali você pode encontrar de tudo que ninguém ousa falar em voz alta nas outras redes.

Essa tendência de ser permissiva, de livre pensar, para a aceitação do não politicamente correto, fez com que seu público visse ali um lugar perfeito para falar sem medo do amanhã.

Se calhar vira até uma sessão de terapia, onde você despeja para o mundo todas as suas insatisfações, crenças e “sabedoria”, por que não?

Se achar que é tóxico, agressivo, mentiroso, sujo ou qualquer outro adjetivo negativo, simplesmente caia fora, aqui não é lugar para você.

A carinha do passarinho é linda, mas se você for olhar lá no fundo do seu coraçãozinho, pode se assustar um pouco com sua energia caótica.

Temos crise de meia idade? Temos sim.

Apesar de tudo isso, e apesar da idade avançada no mundo online, o Twitter chegou à maturidade como muitos da geração Y. Sem grana, sem rumo.

Foram as crises financeiras?

O fato é que a empresa nunca conseguiu estabelecer uma forma de remuneração estável, escalável, eficiente, clara.

Ou seja, o modelo de negócios da empresa nunca deslanchou para que ela pudesse ser financeiramente saudável.

Fora isso, a rede tentou passar por uma mudança no que se refere a impedir fake news e discursos de ódio, com seu antigo CEO.

Personalidades como Donald Trump foram banidos e acabaram criando sua própria plataforma.

Isso mexeu um pouco com a personalidade da marca que estava tentando um processo de adaptação ao que chamam de cultura woke .

Confesso que sei bem pouco sobre esse tema, então deixei o link acima para você pesquisar mais se quiser aprofundar-se.

Agora, vamos ver como Elão tá pretendendo salvar o Twitter jogando 44 bilhões meio que na lata de lixo.

Mas, afinal, ele não é um geração Y e pode porque não tá quebrado e não tem medo de quebrar, ao que parece.

A Salvação. Elon Musk e seu X

Que ele é meio doido todo mundo sabe. É exatamente por isso que ele é ele.

Afinal, se fosse o Mark Zuckerberg, teríamos o Threads.

Um dos grandes diferenciais de pessoas que mudam tudo é a coragem. E isso, Elon tem de sobra.

Não tem medo de queimar dinheiro, não tem medo do que vão falar dele, não tem medo de morar numa casinha minúscula para a sua fortuna.

Ele já faz tudo isso.

É por isso que ele faz essas apostas malucas. Mesmo havendo outras empresas com a marca X já registrada, como Microsoft e Meta, ele não se importa.

Já partiu para trocar a marca em tudo quanto é canto possível, até da sede, mesmo sem licença da prefeitura para mudar a placa da lojinha.

O nome do usuário X já está registrado há 16 anos na plataforma e o dono está ativo? Fuc**** agora é meu.

Troca esse carinha aí para @ x1234567998765 e avisa ele que pode vir aqui visitar a sede da empresa. Top.

Musk não é um cara apegado. E provavelmente tem algum plano muito bom para o Twitter, pois já comunicou sua ideia de transformá-lo em um super aplicativo.

Talvez ele seja a pessoa mais indicada para dar à plataforma o que ela precisa para crescer e se tornar lucrativa.

E isso pode passar por perder algumas de suas características iniciais, o que ele vem fazendo desde com início com a adoção do pagamento de selos por todos.

Alguém que tivesse muito amor pela rede e apego afetivo, talvez não fosse capaz de fazer mudanças, como foi o caso do fundador.

Será que X vai pegar?

Uma coisa que sempre me assusta sobre os humanos é a nossa capacidade de esquecer ou aceitar as coisas depois de um tempo, às vezes, bem pequeno.

Tantas polêmicas como essa que já acompanhei na internet, daquelas que parece que o mundo inteiro está se movimentando para que aquilo aconteça ou não, para no fim, se dissipar mais rápido que um foguinho de palha.

As pessoas costumam defender suas ideias com a força de um mamute grávido de gêmeos, mas essa energia raramente passa da página 2.

Vamos reclamar que o twitter tem grande história? Vamos!

Vamos deixar de usar porque não concordamos com essa mudança?

Ah, acho pouco provável, afinal, construí um público ali e as outras plataformas não têm o mesmo ambiente, as mesmas características e depois é só um nome né e blah, blah… nos defendemos.

E aqui me vem aquela velha máxima sobre a internet:

Nunca construa toda a sua vida em terreno alugado.

Quando você menos esperar … vai acontecer o que disse essa usuária da plataforma: O dono vai vender a casa com você dentro.

Captura de Tela do Twitter

A tendência é que as reclamações se dispersem e tudo seja esquecido em breve, e Musk já está confortável com isso.

Ele faz tudo à sua maneira e até riu publicamente das pessoas que o disseram que ele deveria consultar especialistas em branding para mudar a marca.

Ele toma uma decisão e segue em frente como um caminhão sem freio em direção ao quer quer. Azar de quem tentar ficar na frente, não vai impedir.

Captura de tela Newsletter Meio

Agora, outras empresas podem se sentir liberadas para fazer um rebranding maluco nesse nível sempre que acharem necessário.

O grande problema é se elas vão saber lidar com as polêmicas no mesmo estilo “muskiano” de ser.

Porque dele, ainda não sei bem o porquê, a gente aceita essas loucuras e até vê um certo charme.

Como aquele anti herói que todo mundo fica torcendo para ter um final feliz.

Ele é ele. E isso talvez seja a maior lição sobre branding aqui.

* Esse artigo apareceu primeiro aqui : https://medium.com/@lumoura

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