Lu Moura

Lu Moura

Especialista em Comunicação, Gestão, Marketing e Vendas. Consultora, Mentora, Coach, Treinadora.
Estudante de Psicanálise, Neurociência e Comportamento.

Quando a técnica “faça mais do que funciona” pode ser uma má ideia

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Somos fisgados pela recompensa variável.

A vida funciona quase igualzinha ao Tik Tok. Recompensa, recompensa, falha, falha, falha, falha, recomp…

Continue rolando, confie. Vai aparecer uma garota mais bonita no próximo vídeo. Ou um boy trincado. Só depende de você. Enquanto isso, veja algumas “recomendações” que talvez não goste tanto. No fim, vai valer a pena.

Nosso tema hoje é repetição. E quando isso é ruim, mesmo quando é bom.

Apareceu de novo, é um sinal

“Sinais do universo” não andam dando mole por aí. Eles aparecem aleatoriamente. Nós gostamos de acreditar que existe uma explicação para coisas que nos acontecem. Alguns vão falar em causa e efeito. Outros sobre lei da atração.

Mas, o que vamos tratar é pura psicologia humana.

A ciência tem um nome que acho gracioso: “Reforço Intermitente”.

Lembro de quando começaram os anúncios de remarketing, por volta de 2013/14. Era engraçado ver a inocência das pessoas com aquilo.

“Olha, apareceu de novo, é um sinal para comprar!

Parte dessa mágica se foi, agora quase todo mundo conhece os bastidores do marketing.

O reforço intermitente é um estímulo psicológico. Tem função de criar um desejo incontrolável pela busca da recompensa.

Se você pensou em algo ligado ao sistema dopaminérgico no cérebro, acertou.

Semelhantes a ratinhos

Ao estimular esse mecanismo cerebral e oferecer recompensas variáveis é possível desenvolver um comportamento viciante.

Mesmo que você não esteja sendo recompensado o tempo todo, sabe com certeza que vai acontecer novamente. Então repete a ação, até perder o controle do que está fazendo.

Em testes de laboratórios com ratos, os bichinhos ficam tão malucos que não param até chegar a exaustão total.

Mas, os ratos não são os únicos a fazer isso. Os seres humanos com seus grandiosos cérebros cheios de racionalidade, fazem o mesmo.

Cassinos sabem disso há muito tempo. Os criadores de games, das redes sociais e, vejam só, dos filmes.

A incerteza é um estimulante

Alguns dias atrás, foi lançado mais um filme da Marvel, marca da Disney, com a temática de super-heróis.

De modo geral, as pessoas adoram esse tipo de conteúdo, pois permite explorar recursos visuais, narrativos e arquetípicos de maneira única. Mas, esse filme em especial, falhou. Com um custo de US$ 250 milhões para ser produzido, arrecadou apenas US$ 80 milhões no lançamento, menos da metade do esperado.

Apesar de ser pop, jovem e moderno, as pessoas estão um pouco cansadas. Depois de 32 enredos semelhantes, você já não espera muito do 33º. Também não ajuda que agora você tem acesso a esse conteúdo dobrado nos streamings, na forma de séries.

A constância da Marvel em seus filmes tirou das pessoas aquele frisson do “O que será que vem por aí?”

Esse artigo não é uma crítica ao filme, que eu não vi e não sou especialista.

Ele está sendo usado apenas como exemplo de que, mesmo um tipo de conteúdo “vencedor” e que funciona “sempre”, pode saturar diante de muita repetição.

Você pode ver a opinião de quem entende sobre o assunto aqui.

Jogue com a aleatoriedade

Mesmo aquelas pessoas que insistem que gostam de segurança, de saber como tudo vai acontecer, ficam entediadas se nadinha sair do script.

Certeza demais gera monotonia. Incerteza mantém o cérebro alerta.

Só porque um tipo de conteúdo funciona bem, repeti-lo sem cessar não vai torná-lo um sucesso maior.

As redes sociais mudaram intensamente nos últimos três anos. Durante a pandemia da Covid19, houve uma explosão na produção de conteúdo profissional, influência e negócios.

Muitas pessoas ficaram milionárias com infoprodutos rapidamente.

Mas, era natural imaginar que aquilo só duraria daquela maneira no período em que as pessoas estavam presas em casa, sem outro lugar para colocar a atenção, a não ser a internet.

Entretanto, até hoje vejo pessoas insistindo em “aumentar a produção de conteúdo” como se isso fosse a resposta para o baixo engajamento.

Fazer mais do mesmo não vai gerar os resultados de antes, simplesmente porque o cenário mudou. E vai continuar mudando, pois o mercado, a economia e a cultura é cíclica.

Quebre o padrão

Há muitos conselhos sobre dobrar as apostas sobre “o que funciona”, especialmente no marketing. Mas, por conta de uma característica da psicologia humana, isso não costuma gerar bons resultados o tempo todo.

Se as pessoas sabem que sempre terão a mesma recompensa, mesmo que seja incrível, elas começam a entender aquilo como “regra” e não há estímulo para buscar por mais, pois sempre estará ali. Então, não preciso me preocupar. Depois eu vejo, depois eu falo, depois eu faço.

O que sempre está lá, igualzinho, entedia. Isso vale para qualquer área da vida e mesmo que nos contemos histórias diferentes.

Já quando a recompensa varia, há um estímulo maior nos receptores de dopamina para manter-se buscando a próxima novidade. É assim que a vida funciona.

Uma geração muda tudo o que a outra faz porque precisa da variabilidade, mesmo se o que tinha antes fosse melhor em termos práticos. A própria natureza ensina isso. É preciso fazer rotatividade de plantio a cada estação, caso contrário, a terra se esgota.

Varie. Jogue com a aleatoriedade ocasional para surpreender as pessoas. Evite ser visto como linear e muito previsível. O cérebro humano precisa de um pouco de surpresa e a imprevisibilidade ajuda nisso.

*Este artigo apareceu a primeira vez aqui no Medium.

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